quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Musas da Maria: Jean Shrimpton

A jovem britânica do interior Jean Rosemary Shrimpton começou a carreira em 1960 com apenas 18 anos, mas sempre foi conhecida pelo belo par de olhos azuis, pela disciplina, e por não se encantar com o glamour.


Jean Shrimpton nasceu em High Wycombe, na época cidade pequena e rural. Foi considerada o ícone de beleza dos anos 60 e a primeira top model da história. Engraçado é que, até certo ponto, podia ser considerada infeliz em sua profissão. Atualmente, para compensar seus anos de estúdios, capas de revistas e viagens internacionais, vive reclusa. Em uma rara aparição em Abril de 2011 cedeu uma entrevista para o The Guardian em que contava o quanto era infeliz com a rotina de sessões fotográficas e aparições públicas. "Não gostava nem mesmo de ser fotografada. O que aconteceu é que eu era muito boa naquilo. A moda é um ambiente de muita pressão e cheia de pessoas com problemas."

Contudo, nada disso impediu que ela se tornasse um padrão estético da época: corpo esguio, sobrancelhas arqueadas, cabelos longos, olhos grandes e lábios carnudos. Nascia assim a figura da Chelsea girl, garota com estilo de adolescente e sex appeal de mulherão.


Sua conterrânea e contemporânea era a também esguia Twiggy, mas apesar de ambas serem magras, Shrimpton possuía curvas, um olhar com um certo tom de tristeza - seu charme! - e olheiras muito discretas (pra nós da Maria, o maior de seus charmes, uma vez que sua beleza era retratada de forma real já que não havia os rituais de retoque de fotos usado até com exagero nos dias atuais).

Foi eleita pelas consagradas revistas norte-americanas Newsweek, Time e Life como o rosto mais bonito do mundo. Mas provou não ter só beleza, e também muita personalidade. No Festival de Turfe da Primavera, na Austrália, foi convidada a fazer uma aparição usando um vestido de uma determinada marca que a patrocinou. Só que os organizadores não pensaram que com todo o seu 1,78m de altura o vestido ficasse curto, mostrando seus joelhos e parte da coxa. Também dispensou os complementos de uma perfeita toilette de uma dama nos anos 60 - luvas, chapéu e meias - e escandalizou a alta sociedade australiana. Chocada com a polêmica, mostrou o quanto é decidida depois de ser abordada por um repórter e soltar um "você deve se vestir para agradar apenas a si mesma."


Jean também foi musa de muitos homens. No início da carreira teve um relacionamento com o fotógrafo David Bailey, seu grande incentivador. A intensidade desta paixão era tão evidente que inspirou o cineasta italiano Michelangelo Antonioni a filmar Blow Up, longa de 1966 e um dos primeiros a retratar o mundo da moda.

Igualmente conhecido foi outro relacionamento seu, desta vez com o intelectual falido Heathcote Williams. Como já era uma modelo bem-sucedida, comprou uma casa que os dois dividiam e arcava com as despesas. Mas o amado ficou conhecido por encher a residência de amigos que usavam até o telefone sem nenhum escrúpulo.

Veio um terceiro relacionamento que deu o que falar. Namorou por sete anos Malcolm Richey, amigo do namorado anterior e que também era sustentado pela bela Jean. Não bastasse isso, a modelo também sustentava a esposa do namorado, a filha dele e a outra amante. Quando viu suas economias diminuírem, ligou pro seu agente e pediu trabalhos. Foi durante uma sessão em Portugual que notou que os melhores closes eram dados a sua parceira de trabalho, uma garota mais jovem. Percebeu assim que sua carreira chegava ao fim.


Juntou o resto de suas economias e abriu uma loja de antiguidades. Um dia, chamou a tenção de um cliente chamado Michael Cox. Michael divorciou-se da mulher e casou com Jean em 1979 no charmoso Abbey Hotel, em Cornwall. Pouco depois ficaram sabendo que a propriedade estava a venda e fecharam negócio. Fizeram de lá um lar pro seu único filho, Thaddeus. Atualmente, o hotel é conhecido por constantemente hospedar o amigo próximo David Bowie. Lá, nesta propriedade, vive cercada pela família e sem esconder de ninguém os famosos olhos azuis que encantaram o mundo.

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