quinta-feira, 29 de maio de 2014

Sonzinho com a Maria: Devendra Banhart

Pra nós aqui da Maria, que amamos um sonzinho incrível a qualquer momento do dia, não existe cantor atual com mais magnetismo que Devendra Banhart. Então, já que o quesito é música boa, custa nada falar um pouquinho deste moço charmoso, né?


O Devendra nasceu em Houston, Texas, mas foi criado na Venezuela. Lá cresceu escutando Daniel Johnston (aí meu Deus! True Love Will Find You In The End derrete qualquer coração <3), Billie Holiday, Bob Dylan e muuuuita música brasileira da boa: Caetano Veloso, Secos e Molhados e Novos Baianos. Depois que Banhart resolveu seguir carreira musical e foi descoberto pelo produtor Michael Gira, ficou ainda mais perceptível a influência da música brasileira na suavidade melódica e no timbre vocal do músico.


E elogios não pararam de surgir pra Devendra. Foi o responsável pela redescoberta musical da cantora folk Vashti Bunyan (já escutaram a linda Train Song dela? De suspirar!) segundo ela própria. Em 2006 fez uma participação especial no show em Londres que marcou a volta d'Os Mutantes. Subiu ao palco pra cantar Bat Macumba e arrancou elogios do grande Sérgio Dias. Pouco depois, ainda com um flerte com a música brasileira, chamou o Rodrigo Amarante pra fazer uma participação na música Rosa. Neste meio tempo Banhart já havia sido consolidado como líder do movimento folk psicodélico e ainda tinha energia de sobra pra formar casal com a lindona da Natalie Portman (já falamos um pouquinho dela aqui, lembram?). Ufa!


Ano passado Devendra foi um verdadeiro furacão por onde passou. Veio ao Brasil parando aqui em Fortaleza, Porto Alegre, São Paulo e no Rio, e arrastou uma multidão de fãs descolados. Mas magnetismo mesmo exerceu com sua atual namorada, a designer de móveis e fotógrafa natural da Sérvia, Ana Kras. Em 2011 Ana foi mandada a Los Angeles por uma revista européia para fotografar Banhart. Bastou cinco minutos depois do encontro inicial e o músico já havia pedido Kras em casamento. Incrível, não? Dizem que ela quase entrou em pânico, quis ir embora, mas ficou e terminou o trabalho. E os dois vivem juntos em São Francisco desde então. Vai dizer que magnetismo não é a palavra que melhor define Devendra?

sábado, 10 de maio de 2014

Inspirações da Maria: Zuzu Angel

Pra quem é apaixonado pela história da moda, e ama estudar um pouquinho as influências que esta área sofre ou exerce, consegue compreender rapidinho como a moda, que é uma forma de expressão, acompanha as grandes mudanças políticas e sociais. Não acredita? E se citarmos o New Look de Christian Dior? O estilista por trás da maison criou uma imagem de mulher super romântica e feminina, com metragens e mais metragens de tecido, depois dos anos de dificuldade da Segunda Guerra Mundial. E as roupas coloridas e alegres dos hippies dos anos 60 juntamente com o Flower Power? Uma lembrança de que o mundo precisava de mais amor ao próximo e tolerância, no lugar de grandes conflitos como a Guerra do Vietnã.


A Zuzu Angel é a soma da moda com viés político no cenário nacional. A estilista enaltecia os elementos culturais do Brasil, tinha visibilidade internacional, e foi um grande nome contra a ditadura militar. E nada mais justo que mostrar um pouquinho da vida desta mulher. Mãe, empreendedora, e tema da Ocupação Zuzu Angel, exposição que se encerra 11 de Maio, Dia das Mães, no Itaú Cultural de São Paulo e que faz uma retrospectiva da vida desta criadora.

Zuleika de Sousa Netto nasceu em Curvelo, município no interior de Minas Gerais. Ainda na juventude mudou-se para a Bahia. Neste ponto já criava e costurava, fazendo roupas para as primas. Lá conheceu o norte-americano Norman Angel Jones. Casaram e a mineira virou Zuzu Angel ao adotar o sobrenome do marido. O casal viveu alguns anos no Nordeste, onde Zuzu entrou em contato com as chitas e rendas nacionais.


Alguns anos depois a senhora Angel já havia fixado residência na cidade do Rio de Janeiro. Há pouco separada, costurava para ajudar o orçamento familiar. Aconteceu que sua mistura de rendas com estampas coloridas com um arzinho naïf agradavam a uma clientela cada vez maior. Ao invés de copiar os padrões europeus, criava tecidos exclusivos. Investiu em mídia, criou logomarca e abriu loja própria. Assim, mostrou todo o seu lado empreendedor e foi considerada uma visionária no mercado nacional. Acredita que Zuzu até desenvolveu uma estratégia de colocar seus produtos em lojas norte-americanas? Foi assim que ela teve peças nas araras da Bergdorf Goodman e da Saks, e conquistou clientes como a atriz Kim Novak, a filha do prefeito de Nova Iorque Kathy Lindsay, e a bailarina inglesa Margot Fonteyn. No Brasil vestia Yolanda Castelo Branco, mulher do presidente Arthur Castelo Branco, e sua amiga e garota-propaganda Elke Maravilha.

Mas vieram os anos de chumbo, e seu filho, Stuart Angel Jones, foi considerado um desaparecido político após ser preso e torturado pelo regime militar. E como mãe mostrou seu lado militante também. Questionou o desaparecimento em todas as esferas a seu alcance. Enviou cartas a organizações internacionais de direitos humanos, e usou sua moda como meio de protesto. Em seu desfile realizado em Nova Iorque em 1971, substituiu suas tradicionais estampas cheias de passarinhos, borboletas e flores com cores muito vivas por anjnhos amordaçados, meninos aprisionados e canhões disparando. Tentou, de todas as formas, chamar a atenção do mundo pra o que acontecia no Brasil.


Na madrugada de 14 de Abril de 1976 aconteceu o que muitos do círculo da estilista temiam. Angel morreu em um acidente de carro na Estrada da Gávea. Semanas antes do acidente , Zuzu deixou com amigos, inclusive com o músico Chico Buarque de Hollanda, um envelope com um documento que deveria ser publicado caso algo viesse a ocorrer com ela. Junto ao envelope havia o bilhete: "Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho".

Mas foi somente em 1998 que a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos, ao julgar o caso, reconheceu o regime militar como responsável pela morte de Angel. Sua vida e obra inspirou música, filme, e coleções de estilistas como Ronaldo Fraga e Tufi Duek. Hoje a memória da estilista é preservada através do Instituto Zuzu Angel, entidade carioca presidida por uma de suas filhas, Hildegard Angel.