domingo, 17 de novembro de 2013

Sonzinho com a Maria: Cazuza

Seu nome de batismo, escolhido para agradar a avó paterna já que era o mesmo nome do avô, era Agenor de Miranda Araújo, mas nunca houve um apelido que o pai desse a um filho e que pegasse tanto: Cazuza! E é do poeta da geração 80 - mas muito querido até hoje, não é?! - que vamos falar um pouquinho.


Filho do produtor musical da Som Livre João Araújo e da famosa Lucinha Araújo, símbolo da luta contra o HIV e fundadora da Sociedade Viva Cazuza, o garoto cresceu, muito devido ao trabalho do pai, bem entre a vida artística brasileira. Nomes como Rita Lee, Gilberto Gil e Novos Baianos eram visitas mais que normais em sua casa. Até as aventuras de juventude incluíam nomes gigantes da música brasileira. Foi aos 13 anos, e junto com o amigo de infância Pedro Bial, que o cantor foi entrevistar Vinícius de Moraes. Legal que além da entrevista, os dois saíram já admiradores do uísque, bebida que o poetinha apresentou a ambos. E já que tamos falando das amizades de Cazuza, não podemos deixar de citar Bebel Gilberto, sua maior e melhor amiga.

Tudo na vida do Cazuza parece ter sido bem intenso. O cantor falava abertamente que começou a fumar maconha aos 12 anos. Iniciou vários cursos, inclusive um de fotografia na Universidade de Berkeley, na California. Mas assim como tantos outros, abandonou os estudos antes do fim. Sempre foi visto como um símbolo de rebeldia, mesmo ainda muito novo. Foi expulso do Colégio Santo Inácio, onde estudava no Rio de Janeiro. Mas incrível mesmo é que antes de ser expulso foi considerado o melhor aluno de geografia de toda a instituição de ensino. Tanto conhecimento era fruto do seu passatempo favorito, passar horas observando o mapa-múndi!


Quando voltou da California Cazuza ingressou num grupo teatral que se reunia no Circo Voador. Lá cantou em público pela primeira vez e reencontrou o cantor e compositor Léo Jaime, que conheceu anos antes de ir a Berkeley, quando Cazuza trabalha na Som Livre junto com o pai. Foi Léo Jaime que indicou o jovem Miranda pra fazer o teste pra cantor em uma banda de rapazes do Rio Comprido. Cazuza foi, conheceu os jovens Frejat, , Guto e Maurício, e super agradou com sua voz meio que berrada. Nasceu assim o Barão Vermelho, e a carreira do músico decolou. Foi considerado o melhor letrista da MPB em 1987, juntamente com Chico Buarque. A banda se tornou um sucesso e a parceria com Roberto Frejat, mesmo em meio a tantos desentendimentos gerados por causa da inconsequência de Agenor, foi mais forte. A sintonia no palco, na época do Barão, era inegável. E mesmo com a saída de Cazuza do grupo, os dois continuaram a escrever juntos. Um exemplo clássico da sintonia dos dois mesmo no período de carreira solo de Cazuza é Ideologia. Letra pra lá de potente, não acham?

Cazuza também era conhecido como um romântico incurável e colecionador de relacionamentos intensos. Talvez seu caso amoroso mais famoso foi com Ney Matogrosso. Os dois se conheceram num encontro casual e não se largaram por um bom tempo.  Segundo o próprio Ney foi um relacionamento intenso, tanto amorosamente quanto intelectualmente. Mas na vida de Agenor Araújo também teve um breve casamento com Patrícia Casé, a paixão fulminante por Denise Dumont, e o namoro - o mais longo que Cazuza teve - com o ator Sérgio Dias.


Em 1985 o músico foi internado pra tratar um pneumonia. Exigiu fazer o teste de HIV e o resultado deu negativo. Dois anos depois foi acometido pela mesma doença e refez o exame. Desta vez o resultado foi positivo. Em 1989 foi o primeiro artista brasileiro a assumir publicamente que estava com Aids. Ele falou sobre o assunto, em tom muito otimista, com o jornalista Zeca Camargo para a Folha de São Paulo. Buscou o tratamento em Boston, nos Estados Unidos, mas não abandonou a música. Gravou seu último álbum, Burguesia, já em estado bem debilitado. Algumas das músicas foram gravadas com Cazuza deitado no sofá da gravadora. Este álbum, onde o cantor empenhou suas forças, vendeu 250 mil cópias.

Cazuza morreu em 7 de julho de 1990, com 32 anos. Na sua lápide, no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, estão escritos sua data de nascimento, data de falecimento, e O Tempo Não Para, título do seu último grande sucesso. Sua músicas permanecem fortes e atuais até hoje, e é com um clássico que deixamos vocês: Bete Balanço!


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