domingo, 12 de janeiro de 2014

Maria mostra: cosméticos amigos

Desde o último mês de Outubro, com a invasão do Instituto Royal em São Roque no interior de São Paulo, vemos o assunto de testes em animais sendo abordado vez ou outra pela mídia. Para fins da medicina muitos defendem que tais testes são essenciais. Servem para dar segurança ao paciente e trazer evolução no tratamento de mais e mais doenças, como o câncer por exemplo. Bem, infelizmente, não tenho uma opinião formada sobre o assunto. Eu, a estilista que vos fala, não sou nenhuma estudiosa dos avanços da medicina, então, exatamente por não conhecer, não me sinto no direito de cobrar um fim imediato pra tal prática. Mas sonho sim com um dia que a ciência evoluíra e tais testes não sejam mais necessários. Se voltarmos ao século XVIII, por exemplo, quem iria acreditar que a medicina, um dia, teria padrões como esterilização e anestesia, práticas mais que corriqueiras nos dias atuais.

Agora, e a indústria cosmética? Se ela produz itens considerados "supérfluos" e não de primeira necessidade, será que os testes em animais são realmente necessários? Será que não dá pra substituí-los de alguma forma? Mais uma vez, não sou uma profunda conhecedora de ciências. Mas será que como consumidora, não dá pra saber um pouco mais antes de comprar aquele batom vermelho lindo? É exatamente sobre isto que venho questionar neste texto. Porque apesar de amar um xampu que deixe os cabelos super macios, um esmalte preto e um batom colorido, também quero saber se este produto que agrego tanto valor não está fazendo mal a coelhos, macacos, hamsters e até beagles, como no caso dos animais resgatados no instituto citado acima.

Depois de uma pesquisa pela web a sensação que fica é que a indústria da beleza vem se sensibilizando com o tema. Não é difícil achar marcas, inclusive nacionais, que abriram mão de testes em animais. E não somente isto: aboliram também matérias-primas em que o ciclo de produção também empregue tais práticas. Assim há abertura para práticas como a pesquisa in vitro com o emprego de células-tronco sendo adotadas. Tais células são uma excelente alternativa pois quando devidamente manipuladas, permitem obter células de diversos tecidos do organismo.

Só que vamos de encontro a uma outra barreira; a proteção. A Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, permite os testes em animais em produtos em seu estado preliminar. Os testes pré-clínicos verificam itens como teratogenicidade (a capacidade de gerar malformação congênita), carcinogenicidade (a propriedade da substância de provocar alterações que induzem ao câncer) e toxicologia (sim, cosméticos possuem químicos que devemos ficar de olho pra saber o grau de toxicidade). Já no seu estado final é permitido pela agência o uso de voluntários humanos, uma vez que a fórmula já pode ter contato com a pele. Todos os resultados dos testes que empregam bichos são enviados a Anvisa juntamente com a garantia de que seguiram a legislação nacional e as Boas Práticas de Laboratório (BLP), normas ditadas pela OMS, a Organização Mundial da Saúde.

Ok. Entendi que os testes são controlados por uma agência nacional que tem como função proteger o consumidor. Só que mesmo com empresas que usam testes em animais dentro das regras ditadas pelos órgãos nacionais e internacionais, e se eu não quiser utilizar produtos que dependam de animais sendo usados em laboratórios? Bem, aí só vai depender de nós, consumidores, pesquisar que empresas mais se adequam dentro das minhas necessidades e/ou prioridades, e boicotar as que não me pareçam certas em suas atitudes.

Depois de alguma pesquisa descobri que a gigante nacional Natura não envolve nenhum sacrifício animal no desenvolvimento de seus produtos. A empresa dispõe de modelos computacionais, pesquisa e revisão de dados publicados na literatura científica e os já falados testes in vitro. Processos similares também são utilizados pelo grupo Boticário - que engloba além da marca título, as marcas Eudora, The Beauty Box e Quem Disse, Berenice? - e outras nacionais como a Granado, que produz os produtos Granado Pharmácias/Phebo. A prova está aí de que dá sim pra fazer bem a vaidade humana e ao meio ambiente ao mesmo tempo. Mesmo sem os testes em animais O Boticário, por exemplo, não sofreu nenhum impacto na exportação de seus produtos para a Europa. Para quem não sabe desde 2004 a União Européia proibiu a experiência em animais para a produção de cosméticos, e desde 2009 lá é vetada a comercialização de itens que contenham ingredientes testados em animais.

Com esta proibição por parte da UE vemos mais uma vez que e possível sim produzir cosméticos "limpos". Gigantes mundiais que provavelmente fabricam muitos dos produtos que reinam em seus banheiros/penteadeiras, como a L'Óreal, abortaram os testes em animais e buscam cada vez mais se adaptarem ao cosméticos limpos. Agora, vale frisar, que mais uma vez também é papel do consumidor acompanhar as práticas adotadas pela empresa que fabrica os produtos que compramos. Aqui segue o link da lista, constantemente atualizada, mantida pelo site Vista-se, de empresas que utilizam técnicas que geram mal tratos em animais no Brasil ou no exterior. É uma lista mais ampla, que envolve da indústria de cosméticos a alimentícia, mas é muito legal pois você pode imprimir e levar até ao supermercado nas suas próximas compras. É uma forma legal de pensar que se não dá pra mudar o mundo de uma vez, pelo menos podemos repensar nas nossas ações e nos nossos hábitos de consumo, e no que eles geram. Também anexamos aqui a lista mantida pelo site da PEA - Projeto Esperança Animal - de empresas nacionais que não testam em animais.

Caso ainda haja alguma empresa que você quer conhecer melhor, você pode procura-lá neste link aqui no site da PETA internacional, que mantém dados atualizados sobre quem não testa, e quem testa e como. Ou ainda pode procurar pelo símbolo do coelhinho nas embalagens. Ele é uma garantia que o produto é livre de crueldade animal em sua produção.